As maiores dificuldades de aprendizagem vividas no ensino híbrido

Novos e velhos problemas de aprendizagem ficam ainda mais em evidência no sistema que contempla aulas presenciais e on-line; entenda quais são eles e veja dicas de como melhor lidar com cada um

São tempos de mudança para todos, inclusive para a educação. O segmento, assim como outros setores, passa por uma intensa transformação, acelerada pelas novas tecnologias. E esta transformação se completa pelas novidades do “novo normal”, que envolvem novas práticas sociais, de higiene e de comportamento pessoal em consequência da pandemia.

Neste sentido, hoje o ensino híbrido está cada vez mais presente na rotina de educadores e alunos, pois sua adoção foi intensificada desde o ano passado no mundo todo, como alternativa às aulas presenciais, para contenção do contágio do coronavírus.

Entretanto, mesmo com muitas novidades para todos os envolvidos, algumas coisas não mudam. Pois seja nas aulas presenciais ou on-line, as dificuldades de aprendizado continuam e acompanham a evolução da educação.

Algumas são antigas e bastante comuns nas experiências vividas por docentes com estudantes, por isso, mais fáceis de lidar, pois foram superadas várias vezes. Já outras são referentes aos novos desafios que o ensino híbrido impõe e, desta forma, ainda são um “mistério” para muitos professores e coordenadores.

Mas como para todas as dificuldades existem soluções, elencamos aqui as principais dificuldades de aprendizado vividas no momento, listando desde as velhas conhecidas às atuais, abordando cada uma delas com orientações de especialistas sobre como podem ser resolvidas de maneira assertiva.

Queremos ajudar você a se preparar para os desafios do ensino híbrido ao manter suas habilidades alinhadas com a Educação 5.0.

Lidando com velhos e novos problemas de forma personalizada

Sabemos que cada estudante é único. Desta forma, a dificuldade de aprendizagem de um para outro, ainda que com algumas semelhanças comuns, é sempre diferente.

Existem muitos casos que, mesmo com as mudanças de geração, estão presentes na experiência de muitos professores e coordenadores ao longo dos anos.

E hoje, para completar, os desafios do ensino híbrido trazem a necessidade de docentes se atualizarem ao identificarem estas necessidades, para contribuir com a aprendizagem de alunos ao usar as ferramentas digitais para ensino.

Existem muitas novas situações que exigem ainda mais criatividade e dedicação dos profissionais dentro das salas de aula, além da habilidade de saber reconhecer problemas que muitas vezes são silenciosos e difíceis de serem identificados.

Como lidar com tantas variantes? Como melhor entender o problema e suas particularidades? Aqui vão alguns insights:

O desafio da alfabetização

A alfabetização é o primeiro grande desafio da vida acadêmica. E, segundo dados do Instituto Neurosaber, cerca de 15% a 20% dos estudantes têm dificuldade de aprendizado nesta etapa.

Completando este cenário, hoje muitas crianças estão passando por este momento desafiador no ensino híbrido, com aulas presenciais e on-line alternadas, o que pode ser visto como uma barreira a mais para quem já apresenta dificuldade de aprendizado.

Sobre esta realidade, a diretora da Asbrei (Associação Brasileira de Educação Infantil), Fernanda Abeleira, compartilhou no site da instituição valiosas reflexões. Para a especialista, é importante avaliar no plano pedagógico a forma como será realizado este primeiro contato da criança com a função social da escrita e da leitura.

Isso pode ser feito por meio de atividades lúdicas, incluindo jogos, uso de músicas, leitura dinâmica, entre outras.

Vale lembrar que os educadores precisam considerar também como despertarão o interesse dos alunos ao hábito da leitura e escrita dentro do contexto do ensino híbrido. Desta forma, ela ressalta que o olhar individualizado pode contribuir com a efetividade das ações.

Principais fatores que impactam o aprendizado

Conforme listado pelo Instituto Neurosaber, professores e coordenadores precisam se atentar a fatores que podem prejudicar o aprendizado, principalmente durante a alfabetização, que são: 

  • Abstenção das aulas;
  • Comprometimento sensorial;
  • Aquisição atrasada de linguagem;
  • Dificuldades socioemocionais;
  • Exposição precoce à alfabetização;
  • Fatores socioeconômicos;
  • Histórico familiar de dificuldades de aprendizagem;
  • Lacunas nas instruções de leitura.

Além disso, as crianças ainda podem apresentar dificuldade de aprendizado devido a forma como decodificam ou compreendem as palavras, o que reflete, por exemplo, na fluência ou habilidade de soletrar.

A consciência fonológica, memória de curto prazo e velocidade verbal de processamento são fatores que interferem bastante no processo de aprendizado.

Isso sem contar os casos de transtorno de aprendizagem, como dislexia e discalculia, que são causados por diferenças neurológicas e biológicas, por isso devem ser acompanhados juntos a especialistas quando identificados.

Aqui, a solução ideal para os problemas é o acompanhamento e proximidade junto a cada aluno, seja on ou off-line.

Que tal lançar mão de mais contações de histórias, músicas e vídeos? Vídeos, aliás, que geralmente são absorvidos rapidamente por crianças em idade de alfabetização. Conhecer melhor seus personagens favoritos do momento e aprender com eles um pouco mais da dinâmica de suas narrativas pode inspirar.

Como driblar a falta de participação dos alunos

Se estimular a atenção e participação dos estudantes já era um desafio nas aulas presenciais, no ensino híbrido, esta dificuldade de aprendizado tornou-se ainda mais comum.

Isso porque, na frente das telas, os estudantes têm mais fatores de distração. Eles podem acessar a internet e as redes sociais durante as atividades, ou ainda conversar uns com os outros pelas ferramentas digitais com as telas desligadas, de forma que fica difícil para o professor identificar que isso está acontecendo.

Então, o mais importante ao superar este desafio do ensino híbrido é criar estratégias que possam atrair e despertar a participação dos alunos. É interessante pensar em maneiras de aproximar os estudantes, mantendo um relacionamento mais direto.

Em matéria feita pelo veículo Folha Vitória, por exemplo, muitos professores compartilharam o que têm feito para lidar com esta dificuldade. Um deles, que é desenhista, para convencer os alunos a manterem as câmeras ligadas, os premiava com caricaturas!

Outro aderiu aos gostos dos alunos e passou a se vestir com a fantasia do personagem Capitão América, bastante querido entre as crianças, para despertar os olhares dos alunos para a aula.

Estes exemplos revelam a importância de se pensar além do conteúdo neste momento em que muitos pensamentos passam pela cabeça das crianças e podem interferir na atenção dada a aula. As atividades precisam ser convidativas e motivar o engajamento.

As metodologias ativas podem se tornar o braço direito do professor nas aulas remotas, contribuindo também para a performance do aluno. As atividades envolvendo a criação do próprio livro do aluno, como a Ciranda de Livro, por exemplo, têm alto poder de engajar e ainda auxiliar na alfabetização. Bem como a gamificação, que é outra alternativa com resultados satisfatórios e que a criançada adora.

Conectando estudantes aos conteúdos

Incentivar os alunos a estudarem o conteúdo complementar fora do período de ensino já é um velho problema da educação. Antes, os professores tinham diversas estratégias para garantir que isso fosse feito fora das salas de aula. Mas, hoje, em uma realidade em que grande parte do que será estudado é virtual, esta é uma dificuldade ainda maior entre os alunos.

Em webinário realizado pelo Instituto Unibanco, muitos especialistas compartilharam o que têm feito para fazer os alunos acessarem ao conteúdo das aulas. Primeiramente, é importante garantir que eles tenham condições para isso, como equipamentos e internet de qualidade para downloads ou para assistir aos vídeos, por exemplo.

Logo, para atender aos que não possuem recursos financeiros e equipamentos tecnológicos eficientes, repense as alternativas às tecnologias, priorizando a inclusão social. Para que, assim, o conteúdo esteja em suas mãos e seja acessado por todos.

Outra estratégia é pensar também nas metodologias usadas em aula para esta dificuldade de aprendizado. Para isso, vale a pena relembrar do conteúdo que compartilhamos em nosso blog, sobre as principais metodologias ativas para seu plano pedagógico em 2021, onde ressaltamos que o estudante passa a realizar tarefas que desenvolvem a análise, síntese e avaliação do conteúdo aprendizado.

Assim, estimula-se a construção do seu conhecimento, propondo uma maior assimilação de conteúdo. Eles podem reter informações por um período mais longo e ainda terão mais satisfação e prazer ao participar das aulas.

Supere as dificuldades com ajuda da transformação da educação

Em pesquisa colaborativa entre a Microsoft e a Education Practice, constatou-se que a tecnologia contribui com a economia de 20% a 30% do tempo de trabalho dos professores.

Neste sentido, com a transformação digital, os profissionais da educação podem se beneficiar com as ferramentas digitais e do ensino híbrido para assim dedicarem mais atenção e resolverem com agilidade outros pontos de suas rotinas, como as dificuldades de aprendizado dos alunos.

Entretanto, não podemos nos esquecer que, junto a transformação digital, os novos desafios do ensino híbrido se somam aos antigos dilemas da educação.

Entre eles, está a falta de habilidades para usar as tecnologias, o problema de acesso dos estudantes e profissionais a internet e equipamentos eficientes, devido à falta de recursos financeiros, além da necessidade de espaço físico adequado para a realização das aulas on-line.

Em tempos de transformação digital, é importante pensar além das dificuldades de aprendizagem que já são realidade na educação.

Ao atualizar as estratégias para manter a disciplina e efetividade do ensino no momento das aulas, vale a pena analisar informações e pensar em contribuir com a forma como estudantes desenvolvem seus pensamentos críticos e autonomia ao estudar.

Isso porque as dificuldades sempre estarão presentes, e novas surgirão a todo momento. Mas existem inúmeras maneiras de resolvê-las. Portanto, é necessário investir em capacitação para aprimorar as habilidades e também desenvolver a sensibilidade frente aos desafios.

Cabe aos profissionais trabalhar em suas visões para identificar os problemas e criar soluções assertivas. Esperamos, desta forma, que nossas informações contribuam com o seu trabalho ao acompanhar a evolução da educação e superar os desafios. Quando compartilhamos o conhecimento, conectamos a solução aos mais diversos problemas, indo além das barreiras para levar à frente o aprendizado.

7 comentários em “As maiores dificuldades de aprendizagem vividas no ensino híbrido

Deixe uma resposta