Dicas para vencer os desafios do retorno gradual das aulas presenciais após tanto tempo longe da escola e dos amigos

Muitas instituições já iniciaram o ano letivo atendendo aos alunos pessoalmente, seguindo todos os protocolos de segurança contra o contágio de Covid-19. Neste cenário, enquanto alguns colégios realizam as aulas presenciais de segunda a sexta-feira com número reduzido de estudantes, outros continuarão com o ensino híbrido, aplicando o conhecimento por meio de estratégias on-line e off-line.
Entretanto, a alegria deste reencontro da volta às aulas tem sido também motivo de ansiedade de alunos e pais, bem como dos docentes e muitos profissionais da equipe pedagógica.
Sendo assim, para tornar este retorno gradual das aulas presenciais tão especial quanto esperado, trouxemos dicas que podem contribuir com o momento. Para que, desta forma, a volta às aulas no “novo normal” seja tão bem sucedida quanto o esperado por todos.
Vale reforçar que mesmo com todas as incertezas desde cenário, o retorno à escola é um importante passo para o aprendizado de crianças e adolescentes neste momento, como já abordamos aqui no blog.
Além disso, devido às diversas dúvidas e à ansiedade de alunos e pais neste momento em que temos poucas respostas sobre o coronavírus, a volta às aulas exige muita atenção à saúde emocional, física e ainda depende de estratégias mais eficazes para o plano pedagógico, incluindo o uso de metodologias ativas, principalmente para as instituições que seguirão com o ensino híbrido.
Mas desafios existem para serem vencidos, e este é mais um que será superado em sua carreira como educador. Então, siga em frente com a leitura deste conteúdo para conferir informações que contribuem à forma como você lidará com esta retomada.
Dicas para acolher os estudantes na volta às aulas presenciais
Este reencontro desafiador é ao mesmo tempo tão especial e importante. Por isso, listamos algumas das principais dicas apresentadas no momento, compartilhadas por especialistas da educação que seguem acompanhando o cenário de forma aprofundada. São orientações criadas por especialistas do Instituto Ayrton Senna, como também em cartilha da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) junto a Universidade Católica de Brasília (UCB), além das informações da Unicef. Confira!
1. Atenção aos sentimentos
Todos estão se adaptando a esta volta às aulas tão atípica. Por isso, considere também as emoções e sentimentos junto aos processos de ensino. Não se esqueça de guiar todas as ações e atividades a partir de cinco “palavras mágicas”: foco, empatia, respeito, tolerância e criatividade.
2. Segurança
Aqui, é importante priorizar todos os protocolos de prevenção, como também o sentimento de segurança. Vamos além, pois a insegurança tem feito parte da rotina de todos ao longo do último ano todo. Assim, atitudes confiantes e positivas são fundamentais para o bom andamento das atividades em grupo. Ao transmiti-las, é possível recriar um ambiente confortável neste cenário.
3. Não ignore a realidade
Todos estão cientes de que o coronavírus ainda é uma ameaça, mas ao tornar o ambiente mais seguro, ignorar o assunto não é uma opção. Isso porque ele existe, logo, sua abordagem contribui para a conscientização de todos. Então, além de monitorar e ressaltar a importância das medidas preventivas, é interessante trazer às aulas mais informações sobre a Covid-19 e os avanços da ciência para conter a doença.
4. Integração da família
Com a pandemia, os pais ficaram ainda mais próximos de educadores e do ambiente de ensino. Eles contribuíram para o ensino híbrido acontecer no ano passado. Agora, é fundamental que família e escola trabalhem juntas novamente, para o sucesso da readaptação. Por isso, pense em estratégias pedagógicas para engajar e convidá-los à contribuição deste novo momento.
5. Sugestões de atividades
Apresentamos aqui um mapa das atividades propostas, compartilhadas pelo Instituto Ayrton Senna, que pode contribuir com seu plano pedagógico nesta volta às aulas. Confira:

6. Interação virtual
Não podemos nos esquecer que o ensino híbrido deve continuar presente na rotina de muitas instituições. Sendo assim, considere a interação virtual também neste cenário atual. As práticas pedagógicas precisam conter estratégias on-line e off-line, para que os alunos não deixem de lado as atividades quando estiverem em suas próprias casas.
7. Autoconhecimento
Ao pensar em tudo o que você precisa neste momento, e na forma como pode conter a ansiedade de pais e alunos, é importante reservar um período para olhar para si mesmo. Afinal, você, educador, também está passando por um momento único em sua carreira. Logo, controle suas próprias emoções para que não afetem as experiências em conjunto. Busque ajuda caso identifique insegurança frente às atividades e fortaleça os colegas que estão enfrentando mais dificuldades.
Recomendações gerais
Além das dicas listadas acima, veja nos tópicos as orientações compartilhadas na cartilha criada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) junto a Universidade Católica de Brasília (UCB).
- Identifique aspectos de fortalecimento com a experiência que está sendo vivenciada por você junto aos estudantes;
- Observe a realidade e crie a partir dela estratégias simples para, em curto prazo, solucionar dificuldades que os alunos apresentarão neste momento;
- Planeje-se para se antecipar às situações e saber como lidar melhor com diversas ocasiões;
- Reveja as suas expectativas, afinal, você estava acostumado a um ambiente de trabalho diferente do que encontrará agora, assim como mudaram também os processos nele envolvido;
- Busque dialogar sobre a experiência pedagógica com os colegas;
- Cuide da sua saúde emocional e dedique atenção às atividades que zelem pela dos estudantes também;
- Tenha as ferramentas digitais que tanto ofereceram suporte ao ensino híbrido como aliadas dos planos de aula, dentro e fora da escola.
Como tem sido a volta às aulas no Brasil e no mundo
De acordo com levantamento do UOL Educação, a volta às aulas presenciais deve ocorrer em 15 redes estaduais do Brasil. E então, a partir das orientações estaduais, os municípios também estão definindo sobre a reabertura das escolas das redes municipais e instituições privadas.
A retomada destas atividades será realizada, em sua maioria, por meio do ensino híbrido. Ou seja, os encontros ocorrerão de forma alternada. Vale lembrar que, em outubro do ano passado, o CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou a permissão para que o ensino remoto se estenda até o fim de 2021. Esta tem sido uma forma de amenizar a ansiedade alunos e pais que ainda não se sentem confortáveis com encontros presenciais.
Entretanto, a volta às aulas ainda é motivo de discussão entre muitos. Em entrevista à CNN, Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), defendeu que o Brasil é o único país do mundo há 41 semanas “sem aulas”, sendo que a média mundial seria de 15 a 18 semanas.
“Desde agosto, estamos preparados para voltar, com protocolo, treinamento de professores, equipamentos, a escola está pronta para receber os alunos. Uma sala de aula é mais segura que um shopping, metrô, praia lotada, bar, restaurante ou rua lotada”, justificou o presidente do Sieeesp.
Todavia, professores estaduais de São Paulo decidiram manter as atividades remotas e iniciar uma greve a partir de 08/02 afirmando se tratar de uma “greve sanitária em defesa da vida contra as aulas presenciais”. A ação já havia prevista pelo presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), Luiz Barbagli, também em entrevista à CNN.
Segundo ele, as atividades colocariam em risco 2,7 milhões de alunos da rede de ensino básico paulista, além de 300 mil professores. “Os professores continuarão em trabalho remoto, não é que não haverá aula. O trabalho continuará o mesmo”, disse Barbagli.
No mundo
Segundo informações da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mais de 1 bilhão de estudantes seguem fora das escolas no mundo todo. Porém, muitos países já estão realizando a volta às aulas de forma presencial, como é o caso do Brasil, que caminha para esta realização.
A organização observa que “as decisões sobre medidas de controle em escolas e a sua reabertura devem ser consistentes com escolhas sobre outros fatores, como distanciamento físico e medidas de saúde pública na comunidade”.
Para completar, é importante que todos os envolvidos se preparem para um reencontro diferente do que era, como adianta a Unicef. Afinal, o ambiente de ensino passa por mudanças. Desta forma, muitos encontrarão uma realidade bastante incomum em comparação às suas experiências de ensino passadas.
Estes novos fatores podem influenciar ainda mais a ansiedade de alunos e pais neste momento. Nestes casos, podemos reforçar que a volta às aulas já acontece em nações como França, Reino Unido, China, Japão.
Em relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), divulgado pelo portal G1, é apontado que em abril do ano passado, um dos piores momentos da pandemia, 190 países mantiveram as escolas fechadas.
Agora, somente 30 países ainda não reabriram as instituições de ensino, sendo que o fechamento é parcial em outras 48 localidades. Para a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, “o fechamento prolongado das instituições de ensino está causando impacto psicossocial crescente nos alunos, aumentando as perdas de aprendizagem e o risco de abandono escolar, afetando desproporcionalmente os mais vulneráveis”.
Esperamos que as informações compartilhadas aqui no blog da Ciranda de Livro contribuam com suas atividades neste momento especial, bem como as nossas soluções seguem transformando alunos em autores de uma maneira lúdica, envolvente e simplificada.
Um comentário em “Como lidar com a ansiedade dos alunos e pais nesta volta às aulas”